Nas últimas décadas, vimos como duas tendências tomaram conta do dia a dia da maioria de nós: um ritmo de vida agitado e uma falta de paciência, refletida sobretudo nos hábitos de consumo. A questão é simples: queremos tudo e queremos agora.
O quick commerce ou seu significado prático que é a entrega expressa é a nova tendência do mercado, uma nova modalidade que tentará satisfazer as necessidades dos usuários que precisam que as suas encomendas sejam entregues num prazo muito curto.
Neste artigo explico o que é e como está revolucionando o setor de vendas online.
O que é quick commerce?
Quick commerce ou q-commerce é a evolução direta do e-commerce, uma nova forma de comércio eletrônico que pretende ir muito além. Como o próprio nome indica, esse conceito inovador busca reduzir a espera do consumidor a tempos nunca antes vistos, oferecendo entregas muito rápidas sem perder de vista a excelência.
Esse tipo de comércio visa unir os aspectos positivos e aprendizados do e-commerce com as inovações e mudanças trazidas pelo delivery de última geração, que trouxe imediatismo na fórmula da equação.
O que esse modelo de negócio propõe é entregar o pedido do usuário no menor tempo possível, com tempos de entrega entre 10 e 30 minutos, no máximo. Empresas como a Glovo já introduziram este conceito de entrega muito rápida, na qual podem trazer quase tudo em muito pouco tempo. A Amazon Prime Now também tem serviço de entrega em 2 horas, e em um futuro não muito distante poderemos ter mais e mais coisas em cada vez menos tempo.
Para considerar uma entrega como entrega expressa, a norma indica que o tempo máximo para entregar os pedidos é de meia hora. No entanto, as empresas que desejam se tornar referências nesse tipo de comércio digital têm pela frente o desafio de baixar esse indicador para no máximo 15 minutos.
Como você consegue entregar a compra em 10 minutos?
Embora o conceito de quick commerce possa parecer muito ambicioso, a realidade é que é possível alcançar essa rapidez nas entregas, sobretudo nas grandes cidades. Para isso, essas empresas contam com hubs logísticos em pontos estratégicos da cidade — também chamados de DMARTS (delivery-only local warehouses) ou dark stores —, o que permite oferecer esse serviço em diferentes bairros. Por exemplo, neste exato momento, a Glovo está adquirindo instalações para transformá-las em dark stores em vários países europeus.
Por isso, está sendo alterada a visão sobre armazéns fora das cidades, para colocá-los em locais-chave de acesso mais rápido e de maior facilidade. Dessa forma, pode-se oferecer um atendimento mais rápido até que o padrão do setor seja mudado. Embora ainda não seja aplicável a todos os produtos, pode abranger um grande número de produtos ou serviços para receber seu pedido em casa com prazos de entrega ultra rápidos.
Outra estratégia que as empresas de quick commerce estão aplicando é estabelecer uma relação de parceria com algumas empresas locais. Desta forma, é possível ter uma vasta gama de produtos sempre à mão e realizar entregas bem rápidas graças a este tipo colaboração em que todas as partes beneficiam.
A tecnologia e as novas formas de entrega, como drones ou robôs que entregam o pedido, também têm muito o que falar no quick commerce. A empresa Foodora é um grande exemplo disso, usando um pequeno robô autônomo capaz de fazer entregas expressas, basta ver para crer. Isso não só tem implicações positivas do ponto de vista do desenvolvimento tecnológico, como também vai no bom sentido em termos de sustentabilidade (substituição de motos, scooters, aposta no 0 km, etc.).
Por que os usuários demandam entrega expressa?
Como seres humanos que vivem no século 21, se pensarmos na necessidade de rapidez e conforto, existem 4 aspectos que são fundamentais para entender isso: um ritmo de vida muito caótico e agitado, pessoas que vivem sozinhas, idosos que precisam urgentemente de algo, mas têm dificuldade de fazer compras, e a superlotação das cidades.
Se pensarmos num contexto urbano, a velocidade é essencial. Os ritmos são caóticos e a organização tem papel fundamental na hora de conseguir ter tudo em casa conforme a necessidade. O contexto urbano é perfeito para este tipo de serviço, pois existem muitas casas em que as pessoas vivem sozinhas, em casal e/ou dividem um apartamento.
Esses tipos de clientes precisam comprar uma quantidade menor de coisas para comer ou mesmo um único item para compras de qualquer outro tipo. Comprar em grande quantidade, embora normalmente seja mais barato, não é uma opção para esse tipo de família. Esse seria um tipo de comportamento oposto ao tradicional e, até certo ponto, também ao e-commerce tradicional.
A rapidez e a comodidade, definitivamente, são os fatores determinantes para os usuários. Esses recursos sobrepõem-se a outros recursos, como preço. A experiência do usuário no quick commerce é o mais importante, pois o objetivo é fornecer bens essenciais no dia a dia. Portanto, o serviço prestado pela entrega expressa serve para cobrir uma necessidade imediata e não substitui a compra semanal, por exemplo.
Se considerarmos também a idade dos usuários, a falta de paciência fica ainda mais evidente na geração Z. É impressionante ver a velocidade com que consomem conteúdos do Instagram ou TikTok. Essa impaciência passa inevitavelmente do mundo digital para o mundo físico, e muitas vezes a vemos nas compras online: queremos ter o produto no menor tempo possível ou que nosso pedido de comida chegue bem rápido. Empresas como Amazon ou Glovo tornam isso possível.
Quais setores podem se beneficiar da entrega expressa?
Como vimos, é evidente que a entrega expressa é aplicável a um tipo específico de produto, produtos essenciais que podem gerar urgência de aquisição em tão pouco tempo.
Portanto, os negócios que podem aplicá-lo são supermercados, alimentos, varejo e o que se encontra nessas lojas: alimentos, bebidas, cosméticos, algumas roupas essenciais-básicas, alguns presentes, etc. Além disso, com o aumento do home office pós-pandemia, as pessoas podem precisar de material de escritório ou algo que facilite o dia a dia em seu escritório em casa.
De fato, muitos q-commerce são especializados em food delivery, mas a tendência que estamos seguindo é que muito mais setores possam explorar esse tipo de fast commerce, e em breve tudo será entregue em pouquíssimo tempo.
Levando em consideração o potencial de entregar qualquer coisa e que é possível abranger produtos mais especiais, o quick commerce democratiza o acesso a todos os tipos de empresas para levar seus produtos aos clientes. Tanto as lojas de conveniência como os negócios locais podem ter a oportunidade de se firmar num mercado hiper competitivo e saturado.
Em suma, poderíamos afirmar que o conforto e a economia de tempo são dois bens muito valiosos apreciados nos tempos em que vivemos, e são precisamente estes aspectos que caracterizam o q-commerce e sua entrega expressa. Assim, tudo indica que é para este tipo de comércio que nos dirigimos, não só no setor alimentar, mas também em qualquer outro.
O que você acha dessa tendência? Acredita que isso significará uma grande mudança na forma de consumir? Quero saber o que você pensa sobre isso nos comentários!
Publicado em 02 de fevereiro de 2023.
Atualizado em 15 de setembro de 2023.
Revisado e validado por Jalusa Lopes, Country Manager da InboundCycle Brasil.